Há quem alega ser devido ao cerco intransponível da dificuldade financeira. Outros citam a traição, porém não ousam analisar seus motivos. Há também quem acuse os familiares do cônjugue...
Tanto existe quem pensa que casamento é algo banal, como os que pensam ser um domínio. O mandamento reza que o amor seja eterno, embora nem todos se casem por amor.
A maioria dos casados são veementes em afirmar que na hipótese da viuvez ou separação jamais optariam por dividir sua vida com outro(a), no entanto ao elucidar um dos acontecimentos, a pessoa diante da liberdade muda radicalmente no pensar e no agir.
Quando na juventude, no cio do namoro, inúmeras juras e planos são selados de ambas as partes. Depois de casados, ao invés de comunhão, optam pela individualidade. O egoísmo tem se sobreposto nos mínimos detalhes, passando muita das vezes despercebido pelo casal. Essa é a erva daninha que fere o matrimônio neutralizando as expectativas de um doce lar. Surgindo uma brusca mudança no relacionamento, nenhum dos dois dá o braço a torcer, ninguém assume o erro. Então os beijos se intercalam em semanas, meses, e em alguns casos, até anos. O ato sexual passa a ser visto como um exercício físico exaustivo, um agonizante sacrifício e não como soma do amor.
Veja bem que, homem e mulher foram criados para que se multiplicassem e que povoassem a terra de forma amável.
Algumas mulheres alegam que sexo não é tudo e a maioria dos homens o vê como um gesto imprescindível de carinho. Costuma-se ilustrar o homem em sua libido como um fogão à gás, e a mulher como um fogão à lenha. Que o fato vá além da ilustração, isso não importa, o elementar é que os dois tem seu fogo, independente dos meios de excitação.
No casamento, o combustível de propulsão deve ser denso, generoso, amável, compreensivo, confiável e sem auto-suficiência. O prazer e o carinho precisam ser juvenis, entretanto transparente, sem dolo e sem mácula, porque uma vez manchado de amargura ou decepção jamais será o mesmo.
O cônjugue é como o imã, quanto mais potência em si, mais atrai o que está próximo. O agir deve responder mais que o pensar para que não haja enigmas fora das quatro paredes.
A principal carência atual na vida dos casados é o banco da praça... O momento de relax, o beijo roubado, o bilhetinho guardado, o prazer e a meninice onde as atitudes não eram arduamente discriminadas. Falta namoro, a euforia dos momentos. As pessoas se casam e aos poucos se submetem a uma vida robotizada, e o tempo passa e tornam-se escravos de caprichos um do outro. Escravos de um relacionamento tão aleatório que não conseguem discernir seus próprios desejos e sentimentos. Se um questiona, o outro acusa o tempo, a idade, os filhos, o trabalho, só não acusa a si mesmo.
Matrimônio se resume em se tornar uma só carne. Tornar uma só carne vai muito além da imaginação humana, é uma intimidade recíproca, superior ao capricho de conhecer os hábitos um do outro, é mais ousado que pele na pele, é mais conhecedor e profundo do que descobrir o que o outro pensa... Tornar uma só carne ultrapassa o aroma, o calor, a própria carne.
Há pessoas que se regozijam em estar sempre em evidência. Declara aos amigos que seu cônjugue morre por causa dela, que sente ciúmes e outras coisas mais.
Boa de papo, porém não faz jus ao amor que lhe é devotado. Dentro de tais acontecimentos estão guardadas as simulações do casamento. No quarto funciona de um jeito, na sala de outro, e no meio social mais pecaminoso ainda.
Enumerar as mais bárbaras e também as mais fúteis razões que levam um casamento ao seu fim, seria como atravessar o Pacífico nadando. Uma coisa é certa, o desleixo de apenas um dos dois, ou de ambos, leva a união em passadas largas à ruína. O descostume de um beijo, de um abraço, de um diálogo e o costume do sexo domingueiro, sempre deixam feridas e o estímulo para que alguém venha a se tornar um caçador de aventuras.
Todos esses itens citados podem parecer insignificantes, entretanto no decorrer de meses e anos na mesmice, influenciam pesando descomunalmente na vida a dois e tendem a arruinar com o mais perfeito dos casamentos. Quando esse temporal chega, nem todos sobrevivem, muitos se separam e os que teimam em resistir, seguem vegetando oclusos no ridículo de um enlace matrimonial maquiado.